
A crise desencadeada pela guerra entre Rússia e Ucrânia acendeu o alerta entre as lideranças da agricultura catarinense diante do risco de um desabastecimento de fertilizantes agrícolas. O presidente da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa, deputado estadual José Milton Scheffer (PP), diz que o momento é de apreensão já que os estoques do insumo no Brasil devem durar apenas poucos meses, sendo o país dependente da Rússia, maior produtora mundial. “Isso terá um impacto muito grande na agricultura familiar catarinense e na agroindústria. Precisamos pensar de forma articulada em alternativas, como novos mercados fornecedores e fontes de produção aqui no país”, declarou o parlamentar.
Por conta das retaliações econômicas impostas à Rússia diante da invasão a Ucrânia, o governo do presidente Vladmir Putin suspendeu as exportações de fertilizantes. O país responde por 23% da produção mundial de fertilizantes. Para Zé Milton é preciso mobilizar imediatamente o governo do Estado, o parlamento e o setor produtivo catarinense para discutir e encontrar saída para o problema que se agrava com o escalonamento da guerra. “É preciso encontrar uma saída para que o custo de produção das lavouras não venha ameaçar a renda do agricultor e levar também a um problema de desabastecimento nacional por falta de produção”, disse o parlamentar.
Zé Milton, que também é líder do governo na Alesc, adianta que levará a questão para o debate no âmbito da Comissão de Agricultura e também junto ao secretário de Estado da Agricultura, Altair Silva, e ao governador Carlos Moisés. As declarações foram feitas durante o Dia de Campo de novas tecnologias agropecuárias promovido pela Copagro e Epagri em Tubarão na manhã desta quinta-feira (09). “Os impactos econômicos da guerra são sentidos por aqui e os produtores estão apreensivos com o risco da escalada de preços e a falta de insumos que poderão tornar inviável a agricultura familiar em Santa Catarina”, adiantou o parlamentar, que externou também o sentimento de angústia com o drama vivido pela população da Ucrânia e a crise dos refugiados.
O agronegócio responde por 30% da economia catarinense, sendo que 80% das propriedades rurais produzem no sistema de agricultura familiar, integrando mais de 500 mil trabalhadores.