- Jarbas Vieira
Síndrome de Down: Palestras combatem o preconceito e incentivam a autonomia

Com o tema “Ninguém fica para trás”, a série de palestras apresentadas no 7º Seminário Estadual e da 6ª Jornada de Atualização em Síndrome de Down reuniu mais de 500 pessoas de todas as regiões do Estado na Assembleia Legislativa. O tema foi proposto pelo deputado Zé Milton (PP) em parceria com a Federação Catarinense e as Associações de Síndrome de Down. “A grande presença das pessoas no evento demonstra o interesse e o desejo de transformar a sociedade. Todas as pessoas com Síndrome de Down devem ter oportunidades para viver vidas plenas e serem incluídas em igualdade de condições com os demais, em todas as esferas da sociedade e este é o foco do nosso seminário”, frisou Zé Milton. Mãe de um filho de 18 anos que tem a síndrome, a vice-governadora do Estado, Daniela Reinehr também compareceu. “Eventos como esse são fundamentais para conscientizar a sociedade que essas crianças e adultos conseguem ter uma vida plena e feliz”, citou. Uma prova disso, de acordo com ela, foi a participação dos palestrantes Daniel Miranda, youtuber do canal de entrevistas “Down News”, e a educadora física Bianca Dias Tagliacozzo. Para ambos, a doença não impede um desenvolvimento consistente e sustentável.
Mudança de paradigma
Outra palestrante do dia, Daniele Yoshitomi falou sobre as muitas possibilidades positivas para quem convive com a doença nos dias atuais. Ela argumentou que, historicamente, a síndrome foi vista como responsável pelas dificuldades de aprendizado e de sociabilidade, quando, na verdade, o que dificulta o ato de ler e aprender vem de limitações na visão ou audição. Para a médica, a chance de assegurar a qualidade de vida vem da atuação de quem cuida destas pessoas. E é algo que já se pode fazer, por exemplo, desde a gestação, com a mãe evitando consumir alimentos de qualidade nutritiva inadequada. Quanto mais a família propiciar uma vida saudável para os filhos que têm a doença, melhor será o futuro delas. “Atualmente, essas pessoas têm conquistas que não existiam há 10, 15 anos. Muitas trabalham, casam e vivem de modo independente. Não há o que não seja possível para elas”, concluiu.
Youtuber
Com mais de 1.500 pessoas inscritas no Youtube (downnews21) e mais de 3,5 mil seguidores no Facebook (canaldownnews), o youtuber Daniel Lino de Miranda, 22 anos, também conquistou o público ao falar de seu canal Down News, que vem retratando o seu cotidiano nas redes sociais. Criado em 2017, o canal veicula, com programas curtos semanais, a inclusão e o combate ao preconceito. Daniel palestrou sobre o combate ao preconceito via Youtube. Um dos vídeos mais assistidos do youtuber foi o que ele mostrou como utilizar o cartão de débito e ao mesmo tempo conscientizou os pais de crianças com Síndrome de Down de que eles também podem lidar com suas contas no dia-a-dia. “A internet é uma ferramenta que ajuda a combater o preconceito, por ser youtuber já palestrei em eventos pelo Brasil e na Europa, levando a informação das vantagens e até das desvantagens de ter Síndrome de Down.”
Criador da Turma do Dauzito
O artista e comunicador social, Elitan David Lanis, 50 anos, e seu filho e desenhista, Vítor Emanuel Mariano Lanis, encantaram o público com a palestra desenhada “O preconceito nosso de cada dia.” Durante o evento foi apresentado a revista em quadrinhos Dauzito e sua turma, que visa combater o preconceito de forma lúdica para crianças e adultos. Elitan, que é pai de uma menina com Síndrome de Down, Ana Luiza, de 12 anos, enfatizou em sua palestra que o preconceito é construído, é um fenômeno social e não biológico. Para combater esse preconceito, em sua opinião, a informação é primordial, e com essa premissa ele criou a turma do Dauzito, que atualmente já conta com 15 personagens, com diversas deficiências, que vivem suas aventuras de forma natural e sem tratamento diferenciado na revista em quadrinhos. “Fui presenteado pela vida com uma menina com Síndrome de Down e não há diferenciação entre ela e os outros dois meus filhos, o Vitor e o João, e essa experiência que procuro mostrar na palestra e nas histórias.”