Jarbas Vieira
Artigo: Pelo fim da cultura de não cumprir promessa

Já virou um clichê: os políticos não cumprem suas promessas. Mas o clichê é reforçado diariamente com as constantes atitudes tomadas pelos que ocupam cargos políticos ou pretendem ocupar. Até os que se travestem de “novidades” ou “diferentes” decepcionam seus eleitores ao não cumprirem suas promessas. Em 2016, durante a campanha, o então candidato a prefeito de São Paulo João Dória afirmou que cumpriria seus quatro anos de mandato. No último final de semana, o mesmo personagem foi escolhido nas prévias do PSDB para concorrer ao governo do Estado mais populoso do Brasil. E aí? Onde ficou a promessa? Essa é uma promessa essencialmente ideológica, sem a possibilidade de o político relatar falta de recursos para cumprimento ou até mesmo amarras judiciais que impediram a realização. Essa é uma promessa simples de ser cumprida. Prometeu? Cumpra. A falta de respeito dos políticos pelos seus eleitores é calcada também na memória curta dos votantes, que esquecem essas promessas. Nos dias atuais é muito mais fácil de verificarmos o dia a dia dos eleitos, fiscalizarmos suas ações e o cumprimento de suas promessas. Os portais de transparência estão disponíveis, as redes sociais mostram o passo a passo dos políticos, suas entrevistas e posicionamentos ficam eternizados em áudios, vídeos e letras na rede mundial de computadores. Só é ludibriado quem quer ou ignora. Problemas financeiros em prefeituras são possíveis. Questões judiciais que prejudicam uma ação efetiva de um eleito, também. No entanto, o que não podemos mais aceitar é o desrespeito desses com promessas essencialmente ideológicas, aquelas que só dependem dele. Se o seu vereador prometeu não concorrer à reeleição, cobre! Se o seu prefeito prometeu cumprir o mandato, cobre! Se o seu deputado prometeu fiscalizar o Executivo e não assumir cargo em Secretaria, cobre! Se o seu presidente da República prometeu reduzir ministérios, cobre! Cobre! Mas, principalmente, não vote nesta pessoa na próxima eleição. E utilize toda a sua competência para mostrar ao mundo (ou simplesmente aos eleitores de seu colégio eleitoral) a falta de respeito que este cidadão teve com a própria palavra.
Nícola Martins - Jornalista e Administrador Público